às vezes não é sobre nadar
é sobre não afundar
um corpo arqueado, tensionado, quase em dobra
mas há uma boia na cintura
um pequeno gesto de permanência
uma lembrança de que ainda é possível flutuar
mesmo quando tudo pesa demais
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estribo (metal) de obra com escultura em impressão 3D, com material biodegradável e acabamento à mão em douradoaproximadamente 25cm de altura x 6cm a 15cm de largura (formato de trapézio)
acompanha bucha e parafusa estilo L
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"Corpos em Obra" é uma série que emerge da interseção entre o bruto e o sensível, entre o que constrói o mundo e o que nos constrói por dentro.
As esculturas partem de arames de concreto armado — materiais usados para erguer estruturas — e ressignificam esses restos da construção civil como molduras do gesto humano, do instante poético, da presença.
Aqui, o corpo não é forma acabada. É processo. É matéria em transformação, sustentada por ferragens enferrujadas que carregam história, peso, tempo.
Cada corpo-escultura, fundido em bronze ou dourado, habita esse esqueleto industrial como quem ocupa um espaço interno, um estado de transição, um entre.
A série propõe uma reflexão sobre como também nós somos feitos de obras inacabadas. De andaimes internos, estruturas que se sustentam entre ruína e reinício.
Há beleza na erosão, poesia nos resíduos, potência nas falhas. E há uma urgência silenciosa em reconhecer que estamos todos, constantemente, em reforma.
Corpos em obra.
Almas em construção.
Espaços que ainda se fazem.
As obras, e poesias visuais, expressam e conectam os mares de dentro com os mares de fora.