"Corpos em Obra" é uma série que emerge da interseção entre o bruto e o sensível, entre o que constrói o mundo e o que nos constrói por dentro. As esculturas partem de arames de concreto armado; materiais usados para erguer estruturas; e ressignificam esses restos da construção civil como molduras do gesto humano, do instante poético, da presença. Aqui, o corpo não é forma acabada. É processo. É matéria em transformação, sustentada por ferragens enferrujadas que carregam história, peso, tempo. Cada corpo-escultura, habita esse esqueleto industrial como quem ocupa um espaço interno, um estado de transição, um entre. A série propõe uma reflexão sobre como também nós somos feitos de obras inacabadas. De andaimes internos, estruturas que se sustentam entre ruína e reinício. Há beleza na erosão, poesia nos resíduos, potência nas falhas. E há uma urgência silenciosa em reconhecer que estamos todos, constantemente, em reforma. Corpos em obra. Almas em construção. Espaços que ainda se fazem.
As obras, e poesias visuais, expressam e conectam os mares de dentro com os mares de fora.